
Mara e Maria Lúcia estão entre as 12 mulheres que compõem o grupo, gerando produtos gastronômicos e artesanatos a partir de seus saberes e fazeres. Elas se inspiram nos princípios da economia solidária, tendo a cooperação e a solidariedade como base para gerar renda e fortalecer suas autonomias.
“O coletivo é composto por mulheres que pensam diferente, empreendem diferente, que fazem artes diferentes e estão juntas porque têm um objetivo em comum, que é promover e divulgar o seu trabalho, sua arte. Essa iniciativa também vem para reunir mulheres que estavam mais distantes de movimentos em grupo”, conta Mara.
No território de Serra Grande, há um histórico de formação de rede de economia solidária, e a partir desse aprendizado local, foi retomada a mobilização de empreendedores interessados em fortalecer essa prática. Assim, desde 2021, a Tabôa vem fortalecendo essa agenda, a exemplo da realização de uma roda de diálogo sobre o tema, cadastro de pessoas, além da parceria com o Centro Público de Economia Solidária (Cesol) que ensejou a realização de oficinas, seminário e uma feira de economia solidária. Em 2023, a partir de uma oficina de Dragon Dreaming, apenas mulheres atenderam ao chamado para a atividade: nascia ali o coletivo Mulheres CriAtivas.
Em 2024, o coletivo ganhou impulso e passou a contar com apoio da Tabôa, por meio de recursos financeiros, compartilhamento de conhecimentos, espaço para reuniões e equipamentos. Como parte desse processo de apoio, foi criada a Loja Colaborativa da Economia Solidária, que funciona de forma itinerante, levando para eventos e feiras, por exemplo, os produtos das mulheres do coletivo. Além disso, o apoio permitiu a confecção de camisas e banners para o grupo.

O grupo conta com mulheres que empreendem há mais tempo, mas também com quem entrou no ramo mais recentemente, como Maria Lúcia. Ela reuniu os seus conhecimentos na preparação de alimentos e começou a comercializar comida baiana em 2021, mas logo o seu olhar de empreendedora percebeu uma oportunidade: “Eu observei que a população vegana estava crescendo e aqui não tinha esse tipo de comida para oferecer para eles”. Foi aí que ela juntou na sua cozinha a demanda existente e os frutos abundantes do solo do território para inovar nas receitas: “Hoje, faço pratos veganos como ceviches e tortas e, para isso, uso produtos da região como carne de jaca, coco, banana. Receitas que aprendi com a vida. A dificuldade chegou e eu fui criando. Eu sou apaixonada pela cozinha, e o que mais gosto de fazer”, conta animada.
“Nesse processo em grupo aprendi como administrar, como embalar, como vender, como manusear, aprendi muito. Todo mundo dá uma força, temos uma corrente bem forte”, completa Maria Lúcia.
Fortalecendo o que já é potente

Mesmo presente nos eventos em Serra Grande com sua barraca individual, Maria Lúcia não abre mão de levar os seus produtos para a Loja Colaborativa, pois a participação em rede tem ampliado o olhar da clientela para os produtos de cada empreendedora. “Desde que passei a empreender também como parte do coletivo, a divulgação mudou bastante, porque ficamos mais conhecidas, o pessoal procura mais, o pessoal liga, pede”, conta Maria Lúcia.
“Às vezes, a gente precisa que alguém chegue, jogue um laço e reúna, para que a gente olhe uma para outra e consiga ver que a gente pode caminhar juntas, criando espaços e fortalecendo como coletivo”, reflete Mara.
O fomento ao empreendedorismo comunitário faz parte das ações da Tabôa para fortalecimento do território de Serra Grande e entorno, a partir da valorização de recursos e vocações locais e de apoio na transição para a sustentabilidade. A atuação acontece por meio da oferta de mentorias, cursos e consultorias, além de articulação e cooperação entre empreendedoras/es locais, como aconteceu com o Coletivo Mulheres CriAtivas. Ainda, uma parceria com o Banco do Nordeste, que executa o programa Crediamigo, busca facilitar o acesso a microcrédito para empreendedoras e empreendedores.
Foto: Acervo Tabôa | Florisval Neto.
Foto: Acervo Tabôa | Florisval Neto.