Ações fazem parte do projeto Engaja Serra, que busca impulsionar o fortalecimento de iniciativas comunitárias no território
Migrantes em Serra Grande
Por meio do mapeamento de migrantes, que contou com a participação de 374 respondentes, foram geradas informações sobre o fenômeno da migração e seus efeitos no território, além de identificar perfil, demandas e interesses de engajamento social das pessoas que responderam à pesquisa.
O estudo foi coordenado por Francine Damasceno, consultora da Tabôa, que adotou como metodologia a pesquisa-ação, contemplando uma abordagem metodológica mista que combinou técnicas e ferramentas derivadas de métodos qualitativos e quantitativos de pesquisa. Após a aplicação de survey (questionário) em modalidade virtual e presencial, entrevistas semiestruturadas, grupos focais e rodas de conversa, foram realizadas a sistematização e a categorização das informações para consolidação dos dados que compõem o relatório.
“No relatório, também sintetizamos os principais desafios e oportunidades para o crescimento demográfico de Serra Grande, como o reconhecimento das questões de gênero e raça, gentrificação, modelo de desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo, formas de engajamento social para fomento de uma cultura de filantropia comunitária e outros que podem ser conferidos no documento”, conta Francine.
A pesquisa aponta, por exemplo, uma maioria de migrantes composta por mulheres (70%) autodeclaradas brancas (82%) e em idade produtiva, com predominância entre as faixas etárias de 26 a 40 anos, com elevados níveis de escolaridade. Os modos e desafios de viver em grandes centros urbanos e a busca por melhor qualidade de vida figuram no topo da lista das razões para saída das regiões de origem.
Além disso, 67% dos entrevistados(as/es) declararam interesse em apoiar o desenvolvimento comunitário, prestando serviço a partir de uma habilidade/ conhecimento, de forma profissional ou voluntária. Outro dado que evidencia a intenção pelo fortalecimento comunitário são os 47% que se disponibilizam a atuar em projetos de impacto na qualidade de vida no território.
Acesse o Mapeamento de Migrantes em Serra Grande aqui.
Diagnóstico de Iniciativas Comunitárias em Serra Grande
O Diagnóstico de Iniciativas Comunitárias identificou, em 2022, 47 iniciativas socioambientais - coletivos, associações e movimentos protagonizados pela comunidade - em Serra Grande (Uruçuca, Bahia) e entorno. Dessas, 19 foram diagnosticadas e, a partir disso, foram geradas informações para uma melhor compreensão de suas realidades e contextos de atuação. Dentre as principais causas de atuação, estão educação, cultura, esporte, meio ambiente e cidadania.
“Chamamos de iniciativas comunitárias todos os projetos, coletivos, associações e movimentos que são feitos pela comunidade para a comunidade. Fizemos o diagnóstico para entender quais são as demandas reais das iniciativas”, comenta a coordenadora, na Tabôa, das ações de fortalecimento das iniciativas de base comunitária em Serra Grande, Kamala Aymara.
A pesquisa traz dados como os 31,6% de iniciativas com mais de 10 anos e os 10,5% com mais de 20 anos, o que revela que a comunidade busca soluções de seus desafios de forma coletiva há muito tempo. Entre as diagnosticadas, 21,1% atuam com educação. Recursos financeiros, pessoas, voluntários e apoiadores e equipamentos são os tipos de recursos que as iniciativas mais precisam.
O documento partiu da base de dados da Tabôa, construída ao longo dos últimos oito anos de atuação no território, e agregou novas informações coletadas em entrevistas e rodas de conversa com lideranças de iniciativas comunitárias, mobilizadas por meio de divulgação em redes sociais da instituição.
As informações sistematizadas no diagnóstico trazem um retrato do tecido social existente no território, destacando potencialidades, desafios, necessidades e demandas de iniciativas que atuam na redução de desigualdades e construção de maior justiça socioambiental em Serra Grande. Assim, se constituem em insumos para o planejamento de ações de fortalecimento comunitário e também para quem deseja se engajar com iniciativas locais. Como os resultados representam o contexto do momento da pesquisa, o diagnóstico será atualizado periodicamente.
Acesse o Diagnóstico aqui.
Sobre o Engaja Serra: O projeto teve início em 2022, com foco no fomento de uma cultura de doação e engajamento para transformação social, trabalhando diferentes estratégias: produção de conhecimentos sobre a realidade local; fortalecimento de capacidades locais, por meio de trilhas de aprendizagem e assessorias técnicas para desenvolvimento institucional de coletivos, associações e projetos de base comunitária; estruturação de um Fundo de Desenvolvimento Comunitário, lançado em 2023, que mobiliza recursos para doação a iniciativas comunitárias do território; criação de pontes entre pessoas interessadas em voluntariar e iniciativas locais; além de ações de comunicação e incidência.
Para realização do mapeamento e do diagnóstico, a Tabôa contou com apoio da Rede Comuá, do Global Fund for Communities e do Connecting Communities in the Americas (CCA).
Foto: Acervo Tabôa | Florisval Neto.