Fortalecer a agricultura familiar de base agroecológica para fomentar o desenvolvimento rural sustentável, respeitando a sociobiodiversidade e contribuindo para a distribuição justa de renda no campo. Esta é a proposta que a Tabôa Fortalecimento Comunitário e a Rede de Agroecologia Povos da Mata implementam colaborativamente por meio da Muká Plataforma Agroecológica, cujas ações já apoiaram agricultoras e agricultores em 51 municípios baianos da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.
Unir e reunir, tal como o sugere o significado da palavra pataxó “muká”, foram verbos que moveram as ações correalizadas pelas duas organizações, por meio de cinco eixos de trabalho estratégicos e complementares: Produção, Beneficiamento, Crédito, Certificação e Comercialização. Nesta matéria, serão apresentados alguns resultados relacionados ao fortalecimento da produção agroecológica entre 2019 e 2022.
A metodologia utilizada na plataforma parte da construção coletiva do conhecimento, valorização de saberes locais e da troca de experiências. O objetivo é gerar e compartilhar práticas agroecológicas voltadas para o fortalecimento de processos de produção. Assim, 281 agricultoras e agricultores familiares contaram com acompanhamento técnico para aperfeiçoar e ampliar o manejo a partir de técnicas agroecológicas e de baixo impacto ambiental. Até 2022, como parte desse processo, foram realizadas 4.311 visitas pelos(as) técnicos(as) que atuam na plataforma.
“Ao longo desses quatro anos, conseguimos avançar da mudança de práticas mais agressivas ao meio ambiente, para novos modelos de cultivos, que geram menos custo e que dão maior qualidade de vida para o agricultor e a agricultora”, explica o gerente do Programa de Desenvolvimento Rural da Tabôa, Gabriel Chaves.
“Ao longo desses quatro anos, conseguimos avançar da mudança de práticas mais agressivas ao meio ambiente, para novos modelos de cultivos, que geram menos custo e que dão maior qualidade de vida para o agricultor e a agricultora”, explica o gerente do Programa de Desenvolvimento Rural da Tabôa, Gabriel Chaves.
Ampliação da produção a baixo custo também é uma avaliação do presidente da Rede de Agroecologia Povos da Mata, Hércules Saar, que destaca que o trabalho tem sido realizado aliando a preservação dos recursos naturais. O trabalho de acompanhamento é realizado por técnicos de campo que também são agricultores(as) que compõem a organização. “A Rede é formada pelos agricultores e, portanto, fortalecer o agricultor é fortalecer a Rede. E a Muká fortaleceu os produtores por meio da atuação com os eixos, que ofereceu um alinhamento técnico e crescimento de suas unidades de produção”, afirma o presidente no balanço dos primeiros quatro anos da plataforma.
Para disseminar o conhecimento sobre agroecologia, as famílias agricultoras participam de visitas individuais, visitas em grupo, oficinas técnicas, dias de campo e intercâmbios. De 2019 a 2022, as atividades formativas contaram com mais de duas mil participações.
“Este eixo é bastante dinâmico e o principal desafio foi fazer o agricultor acreditar no manejo oferecido pela equipe da plataforma. Mas pelas respostas positivas que tivemos no campo, tivemos a conquista do respeito dos agricultores(as)”, conta Hércules.
Agroecologia fortalece a diversificação e a produção de cacau de qualidade
O manejo agroecológico contribui para manter e criar estoques de carbono no solo, apoiando a conservação da biodiversidade. “Com a agroecologia, as famílias são beneficiadas com o aumento da nutrição e da saúde, por meio da diversidade de produção. Elas também integram os diferentes conhecimentos sobre plantio e manejo, com capacitações realizadas de camponês(a) para camponês(as). E tem o reconhecimento do trabalho das mulheres e dos jovens, que conferem mais alegria à vida rural”, conta Hércules.
No Sul da Bahia, o cultivo do cacau é o carro-chefe das famílias acompanhadas, e é estimulado o cultivo do cacau cabruca, que cresce à sombra da Mata Atlântica. Entre os métodos adotados para a conservação da biodiversidade está o enriquecimento de áreas de cacau cabruca no Sul da Bahia e a implantação de SAFA (Sistemas Agroflorestais Agroecológicos), onde são plantados cultivos diversos como laranja, mandioca, cupuaçu, abacaxi, banana da prata e da terra. Ao longo desse período, são contabilizados 3.143 hectares sob boas práticas de conservação ambiental.
A produção de cacau aumentou em 19%, devido ao acesso a microcrédito rural, operacionalizado pela Tabôa, mais usados para adquirir insumos. Com isso, a produção de cacau de qualidade também aumentou. “Quando iniciamos, eram quatro agricultores produzindo cacau de qualidade, hoje já passam de 50. A gente entende que a Muká contribuiu para agregar valor aos produtos e renda às famílias, fazendo com que mais produtores olhassem para esse caminho do cacau de qualidade, vendendo o produtos até três vezes acima do valor do cacau commodity”, comenta Gabriel.
Na próxima matéria, vamos apresentar os impactos do eixo de beneficiamento entre 2019 e 2022.
Fotos: Acervo Tabôa | Analee
Fotos: Acervo Tabôa | Analee