A Mata Atlântica é um dos seis biomas brasileiros e guarda uma rica biodiversidade, além de prestar serviços ecológicos estratégicos, como regulação do clima, agricultura, qualidade da água, dentre outros. Sua abrangência corresponde a 15% do território nacional e 17 estados, onde moram mais de 70% da população do país.
Tamanha importância revela também um desafio à altura: é um dos biomas mais ameaçados. Nesta semana, no dia 27, foi celebrado o Dia Nacional da Mata Atlântica, destacando a relevância desse tema. De acordo com a organização SOS Mata Atlântica, restam apenas 24% da floresta que existia originalmente, sendo que apenas 12,4% são florestas maduras e bem preservadas. De acordo com o Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, iniciativa da Arcplan e do MapBiomas, entre 2022 e 2023, foram desmatados o equivalente a mais de 200 campos de futebol por dia (81.356 hectares). Um dado alarmante que chama atenção para a necessidade de somar forças para proteger esse bioma que abriga tantas potências.
Junto com a Rede de Agroecologia Povos da Mata, a fortalecemos a agricultura familiar de base agroecológica, por meio da Muká Plataforma Agroecológica, para fomentar o desenvolvimento rural sustentável, respeitando a sociobiodiversidade e contribuindo para a distribuição justa de renda no campo. As ações já alcançaram agricultoras e agricultores em 51 municípios baianos da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.
Ainda como parte das ações para o fortalecimento de territórios rurais, a prática da meliponicultura, em especial com a espécie Melipona mondury, nativa da região de Mata Atlântica, tem sido fomentada com caminho para construção de maior sustentabilidade socioambiental, a partir do projeto Uruçu na Cabruca, em parceria com o IF Baiano – Campus Uruçuca, por meio do qual já alcançamos mais de 100 famílias.
A partir dos conhecimentos e aprendizados institucionais, em 2022, desenhamos uma estratégia de restauração florestal com inclusão produtiva, cuja fase piloto em andamento, contemplando áreas de 3,5 ha, com quatro agricultores familiares. A meta para 2024 é iniciarmos a restauração de 30 ha distribuídos entre Áreas de Preservação Permanente (APP) e áreas de pastagens, por meio de uma metodologia inovadora que une Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), crédito produtivo e Assistência Técnica Rural (ATER), que irá impactar diretamente cerca de 45 famílias. Essa frente é resultado de uma parceria com o Ministério Público do Estado da Bahia, por meio da Promotoria Regional Costa do Cacau Leste, que também soma forças na meliponicultura.
Além disso, a Tabôa aderiu ao Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, um movimento nacional que tem como meta a restauração florestal de 15 milhões de hectares até o ano de 2050. Com essa articulação, passou a somar forças junto a atores de diversos segmentos sociais, como academia, sociedade civil organizada, órgãos públicos e outros dedicados à agenda.
Foto: Acervo Tabôa | Simone Amorim