
Um território que já é marcado por forte atuação de iniciativas comunitárias ganhou, há um ano, um espaço para fortalecer seus saberes e fazeres para o bem comum. A Casa Cais - Aprendizagem e Inovação Social, espaço criado pela Tabôa, abriu as portas com o objetivo de fomentar a experimentação, a colaboração e a criatividade comunitária em Serra Grande (Uruçuca, Bahia). De lá para cá, as atividades realizadas tanto pela Tabôa, como por associações e coletivos da comunidade que o ocuparam com suas propostas, mobilizaram mais de 800 participantes.
A criação da Casa Cais responde a estudos e escutas comunitárias, que mapearam a necessidade de mais espaços para a realização de ações voltadas ao fortalecimento comunitário e territorial. Assim, desde 12 de agosto de 2024 - data que marca o Dia Internacional da Juventude - a Casa Cais vem ancorando uma diversidade de atividades em suas instalações, onde também são disponibilizados equipamentos para uso variado. Para a sua estruturação, a Tabôa contou com o apoio do Instituto Solea e Instituto Arapyaú.
Robson Bitencourt, gerente de Desenvolvimento Territorial de Serra Grande e entorno, da Tabôa, avalia positivamente o primeiro ano do espaço. “Nós gostaríamos de compartilhar com a comunidade, incluindo os jovens que demandaram esse espaço, um local equipado com internet, energia, água e conosco apoiando. Entendemos que temos cumprido esse papel com a Casa Cais. Além disso, temos percebido um aumento da procura para agendas da comunidade. A Tabôa também tem contado com o equipamento para ofertar as ações para o fortalecimento comunitário”, comenta.
No primeiro ano de atividades, foram acolhidas ações recorrentes realizadas por quatro iniciativas comunitárias que alcançaram 340 participantes de treinos esportivos e rodas de leitura, além de ações ligadas à saúde humana e animal. Outras 12 iniciativas ocuparam o espaço realizando palestras, rodas de conversa, oficinas e cursos para 293 participantes.
“A Casa Cais vem sendo reconhecida pela comunidade como um ponto de encontro aberto e acessível, onde diferentes grupos podem realizar reuniões, rodas de conversa, cursos, oficinas e eventos culturais”, avalia Kamala Aymara, coordenadora de Desenvolvimento Territorial da Tabôa.
Thiago Araújo, atleta e agente comunitário de Serra Grande, utiliza o espaço para apoio aos treinos semanais e conta como a Casa Cais fortalece o projeto Jovens Talentos, da equipe do Serrana Esportes, que usufrui do espaço para encontros, reuniões com pais e familiares, para guardar o material dos participantes, além de revelar que até as pitangueiras do jardim criam um ambiente para divertir as crianças. “Esse espaço fortalece a comunidade com a estrutura para a integração social, os cursos, as reuniões, encontros, trocas de saberes e discussões, tudo isso é necessário para construir uma comunidade cada vez mais abundante para todos nós”, comenta.
A agenda formativa na Casa Cais foi iniciada por ações da Tabôa, e teve como foco prioritário o fortalecimento das juventudes, incluindo cursos de desenvolvimento profissional - Inglês e Informática - e o Lidera, Jovem!, uma formação de jovens lideranças, que contaram com apoio do Instituto Solea e do Connecting Communities in the Americas - CCA. Os cursos alcançaram 47 participantes que receberam seus certificados em dezembro passado.
Ainda, a Tabôa continuou apoiando o aprendizado em inglês, reunindo no espaço a primeira turma do curso intermediário e o voluntariado de conversação. Oficinas, eventos sobre empreendedorismo e autocuidado, e encontros voltados para mulheres e lideranças comunitárias também foram realizados pela organização e, ao todo, mobilizaram 182 participantes. “Esses cursos e formações contribuíram para ampliar a circulação de pessoas e estimular a confiança no espaço como um lugar de referência para aprendizado, convivência e construção coletiva”, explica Kamala.
Aprendizados e expectativas
Como parte dos espaços ativados pela Tabôa no território de Serra Grande, a Casa Cais é um dos marcos dos 10 anos de atuação da organização, e sua abertura está alinhada com a missão institucional de fortalecer comunidades por meio do acesso a recursos e conhecimentos, além do estímulo à cooperação e incidência.
Pensando no futuro e na melhor forma de acolher as ações no espaço, a equipe avalia também as dinâmicas de convivência e de ocupação, que têm trazido ricas oportunidades de aprendizado.
“Gerir um espaço de uso comum e comunitário não é tão simples como se pensa. Tem toda uma questão de manutenção para fazer com que esteja sempre aberto e disponível para o uso qualificado. Precisamos fortalecer a corresponsabilidade, a autogestão, o entendimento de que todos são responsáveis pelo espaço”, conta Robson, que também compartilha sua perspectiva para o futuro: “Queremos para os próximos anos muitos outros projetos, grupos e iniciativas utilizando esse espaço. Queremos implantar outros espaços que já foram sonhados para a Casa Cais, como a biblioteca Regina Santos e o local para produção e gravação de mídias e podcasts”.
Para Kamala, um grande aprendizado deste primeiro ano foi perceber que a Casa Cais não é apenas um espaço físico, mas um processo vivo de construção com a comunidade. “Aprendemos que é fundamental ouvir continuamente as demandas locais, fortalecer o engajamento dos jovens e criar pontes entre diferentes iniciativas. A partir de agora, esse aprendizado se traduz em ampliar o diálogo com a comunidade, consolidar parcerias e investir ainda mais em ações que promovam participação e pertencimento”, projeta.