Dentre as populações afetadas pelos impactos da pandemia do novo coronavírus, os povos indígenas estão entre os mais vulneráveis. Um levantamento realizado pela organização Swiss Indigenous Network (SIN), com sede na Suíça, junto a algumas aldeias no Brasil, revelou que muitas famílias encontram-se em situação de extrema necessidade e fome, uma vez que suas atividades produtivas – sejam dentro ou fora das aldeias – foram duramente impactadas pelo distanciamento social para evitar a contaminação pela COVID-19.
A partir desse mapeamento, a SIN, o Coletivo Taoca e o Coletivo Grito iniciaram uma campanha emergencial, na Suíça, com a mobilização de recursos de pessoas físicas para compra de alimentos a serem doados para comunidades indígenas no Brasil. E, por meio de uma parceria com a Tabôa Fortalecimento Comunitário, parte desses recursos foram utilizados para apoiar duas aldeias da etnia Tupinambá, localizadas em Olivença (BA), identificadas pelos coletivos, que receberam alimentos agroecológicos produzidos por agricultores familiares da região e produtos de higiene.
A ação, realizada em abril, teve como objetivo, ao mesmo tempo, contribuir para segurança alimentar das comunidades indígenas e fortalecer a agricultura familiar. “Queríamos que as doações seguissem outra lógica que não a compra de alimentos convencionais de supermercado, mas de pequenos produtores e de assentamentos, quando possível”, conta Fabiana Kuriki, do Coletivo Taoca. “Esta experiência na Bahia, com a Tabôa e com a Coordenação Estadual dos Trabalhadores Acampados e Assentados, foi muito importante, como exemplo de como podemos pensar e fazer diferente, no contexto da alimentação”, conclui.
Os dados levantados permitiram identificar as principais demandas e também as comunidades em situação de maior vulnerabilidade. “Com base nesse levantamento e com o apoio do CIMI – Conselho Indigenista Missionário, identificamos as aldeias que tinham maior urgência e que ainda não tinham recebido nenhum tipo de apoio”, explica Fabiana Kuriki, do Coletivo Taoca. “No caso dos Tupinambás, em Olivença, sabemos que são muitas aldeias e que a doação que fizemos é insuficiente para cobrir todas as necessidades. Quando conversamos com os caciques, eles fariam a distribuição entre as famílias mais necessitadas’, conta