Em clima de compartilhamento de informações para garantia de direitos e para a celebração das potências femininas, a Promotora Legal Popular, Lívia Barbosa, avalia que o evento conseguiu sensibilizar o público presente. “Muitas de nós não tinham noção do caminho que se percorre para ter o direito garantido. Hoje, sendo PLPs, além de termos a oportunidade de ter o conhecimento, nós podemos passar esse conhecimento para outras pessoas. Eu acho que essa rede precisa aumentar e que as pessoas precisam saber que nós podemos ajudá-las, acolhendo, escutando e orientando em caso de violência”, destaca Lívia, que foi aluna da primeira turma de PLPs do interior da Bahia, promovida pela Tabôa.
Por isso mesmo, a programação do evento em Serra Grande incluiu rodas de diálogo sobre temas importantes, como a Ronda Maria da Penha, apresentada pela subcomandante da Ronda, sargento Ângela Maria. Braço do 15º Batalhão da Polícia Militar, de Itabuna (BA), a Ronda tem uma equipe destinada ao atendimento específico às mulheres que têm medida protetiva de urgência. “É para aquela mulher que resolveu quebrar o ciclo de violência e fez a denúncia do seu agressor, indo aos órgãos da rede de enfrentamento, e pediu uma medida protetiva de urgência, que é uma garantia dentro da Lei Maria da Penha. Então, o trabalho é cuidar dessas mulheres através de fiscalizações, rondas nas residências, abordagens pessoais, aos órgãos da rede, casa haja necessidade, em todas as circunstâncias em que essa mulher se sinta ameaçada. Ela dispõe de um número particular da Ronda e, sempre que é acionada, uma equipe é direcionada para o atendimento”, apresentou Ângela.
O evento contou ainda com palestra sobre o Centro de Referência Especializado em Assistência Social - CREAS em Uruçuca. A coordenadora do serviço, Manuela Bezerra, trouxe informações sobre a atuação do CREAS, que faz parte do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), no atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade, por meio de uma equipe multidisciplinar, constituída por advogadas, psicólogas e assistentes sociais. “O CREAS, além de fazer o atendimento inicial, também faz os encaminhamentos para outras redes de proteção, seja delegacia, vara da infância, conselho tutelar e outros equipamentos”, explicou.
A saúde também foi destaque, com a realização de uma palestra sobre a saúde reprodutiva da mulher, com a ginecologista Fabiana Hora, além de orientações odontológicas e exames de saúde.
Participando das ações na praça, a professora Neide Souza comentou que movimentos como este “são muito importantes para a gente aprender mais sobre isso, aumentar a nossa consciência, para que as pessoas entendam o papel delas na sociedade, na proteção das pessoas. Tratamos primeiro da proteção ao ser humano, e se esse ser humano é feminino e está subordinado a uma cultura machista, nós precisamos trabalhar isso dentro das comunidades.”
Primeira vez na sede de Uruçuca
Fotos: Acervo Tabôa | Florisval Neto.