Fortalecer comunidades rurais e, ainda, contribuir para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Com essa visão, a Tabôa em parceria com o Ministério Público do Estado da Bahia, por meio da Promotoria Regional Costa do Cacau Leste, está iniciando uma experiência piloto com foco no fomento à restauração florestal com inclusão produtiva. A iniciativa, que será implementada, especialmente, com famílias de assentamentos de reforma agrária no Sul da Bahia, busca contribuir para reduzir impactos negativos decorrentes de um contexto de vulnerabilidade social e climática, subutilização da terra, desmatamento, acompanhamento técnico insuficiente e dificuldade de acesso a crédito.
O projeto começou a ser desenhado em 2022 e, atualmente, está na etapa de mapeamento de áreas degradadas, por equipes de topografia para o diagnóstico dessas áreas. A partir daí, será iniciada uma etapa piloto em três hectares, em parceria com o Ministério Público, que será sistematizada, gerando aprendizados e conhecimentos úteis para o aumento de escala. A previsão é de que, por meio da articulação de novas parcerias, o projeto seja ampliado, promovendo a recuperação da cobertura florestal com a restauração ecológica e produtiva em cerca de 400 hectares de áreas produtivas, áreas de proteção permanente e de reservas legais.
“A restauração florestal tem grande benefício para os agricultores, pois, após restauradas as áreas, elas poderão novamente prestar os seus serviços ecossistêmicos, como disponibilização de água, produção de alimentos, regulação climática e diversos outros serviços”, conta Felipe Humberto, gerente de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Tabôa.
A iniciativa também se conecta com a agenda global de emergência climática. “A restauração florestal é um mecanismo de sequestro e estoque de carbono. As árvores da floresta desempenham uma função muito importante nesse sentido, contribuindo para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, explica Felipe. “Futuramente, esperamos que áreas como as de pastagens pisoteadas possam produzir alimentos e os rios assoreados possam voltar a verter água tanto para os agricultores, para a população e para os animais que vivem na região”.
Crédito e conhecimento para o protagonismo da família agricultora
O desenho do projeto inclui a metodologia de microcrédito da Tabôa, que vem gerando impactos positivos em diversos territórios rurais do estado, ao aliar acesso a recursos e acompanhamento técnico para fortalecimento da produção e disseminação de conhecimentos.
Além do crédito produtivo, outros diferenciais da iniciativa serão o pagamento por serviços ambientais (PSA) e o protagonismo das(os) agricultoras(os). A previsão é de que, quando o projeto estiver em plena execução, as ações alcancem 445 famílias de 11 assentamentos do Sul e Baixo Sul da Bahia, cujas áreas foram disponibilizadas para restauração.
Felipe explica como a metodologia contribuirá para alcançar os resultados ao longo de três anos. “Os agricultores interessados em restaurar suas áreas, por meio da implantação de sistemas agrícolas conservacionistas, como, por exemplo, agroflorestas, receberão recursos financeiros em forma de crédito. Parte desse crédito será quitado por meio da prestação de serviços ambientais, mediante a execução de todo o trabalho de plantio e manutenção dessas áreas sob proteção legal e da área produtiva. Com a produção agrícola das áreas produtivas somadas ao pagamento pelo serviço ambiental prestado, o agricultor será capaz de pagar o crédito.”
Para o manejo das áreas as(os) agricultoras(es) serão acompanhadas(os) continuamente por especialista em restauração ecológica e produtiva, disponibilizado pela Tabôa. Esse trabalho conjunto seguirá as seguintes etapas: diagnóstico da área; desenho do arranjo e escolha das mudas; preparo da área e aquisição dos insumos; plantio; e manejo.
A iniciativa contribuirá para que, onde antes havia degradação do solo, sejam plantadas e manejadas plantações de cacau, banana, juçara, além de árvores nativas e outras espécies de ciclo longo, gerando benefícios para quem produz e quem consome os alimentos, e também para biodiversidade local.
Fotos: Acervo Tabôa | Drone: equipe de topografia. Demais imagens: Tacila Mendes | Mapeamento das áreas degradadas no Assentamento Nova Vitória, em Ilhéus, Bahia.