Mesmo com a disseminação da praga vassoura-de-bruxa, em 1989, quando a cultura na região foi quase dizimada, o fruto continua sendo parte considerável da história, cultura e economia no sul da Bahia - emprestando o nome para o território conhecido como Costa do Cacau - e cooperando para que o Brasil figure no atual 6º lugar na produção mundial de cacau.
Atualmente, a história do cacau, nessa região, tem como protagonistas pequenos produtores que utilizam um sistema de cultivo específico denominado cabruca. Praticada por comunidades locais há mais de duzentos anos, a cabruca contribui para preservar a Mata Atlântica, gerando também inúmeros benefícios e influências na vida das famílias agricultoras.
“Venha cá brocar a mata”, “Cá brocar”, “Cabrucar”
O decreto estadual 15.180/2014 prevê que, para ser considerado sistema cabruca, um hectare precisa apresentar pelo menos 20 espécies nativas. É de se esperar, portanto, que, além de preservar a floresta em pé, essa densidade de árvores traga benefícios ambientais, econômicos e sociais.
A amêndoa é o principal produto do cacau, mas é possível empreender produzindo chocolate e subprodutos como nibs, cacau em pó, mel de cacau e a manteiga de cacau. É o caso, por exemplo, das 19 agroindústrias familiares apoiadas em 2022 pela Tabôa e pela Rede de Agroecologia Povos da Mata, por meio da Muká Plataforma Agroecológica, e que têm um peso significativo na renda das famílias ao transformar a amêndoa em produtos beneficiados, que são comercializados em feiras orgânicas e circuitos de mercados dentro e fora da Bahia.
Fortalecendo a cadeia produtiva do cacau cabruca
Fortalecer as famílias agricultoras e a cadeia produtiva do cacau cabruca é fortalecer dimensões ambientais, econômicas e culturais dessa região. Para contribuir com a transição para a sustentabilidade e para a geração de impactos positivos em territórios rurais, a Tabôa investe na metodologia que reúne acesso a crédito e assistência técnica rural. De acordo com o relatório anual de atividades da organização, só em 2022, foram disponibilizados R$ 1,29 milhão em carteira ativa, sendo 88% voltadas para o custeio do cacau.
Na semana em que celebramos o Dia Nacional do Cacau - 26 de março - pautamos a importância do cacau cabruca em uma série de matérias. Abordaremos, no próximo texto, o que é cacau de qualidade e o impacto do apoio aos agricultores(as) que produzem amêndoas de qualidade, em especial, para fazer o chocolate nesta Páscoa.
Fotos: Acervo Tabôa | Analee.