Quando as temperaturas ficam mais baixas, os alimentos para as abelhas se tornam mais escassos na natureza: é hora dos/as meliponicultores/as realizarem o manejo de inverno. Entre julho e agosto, foram realizadas oficinas para os/as criadores/as de abelhas uruçu amarela (Melipona mondury) que participam do projeto Uruçu na Cabruca, compartilhando informações e boas práticas sobre manutenção e fortalecimento dos meliponários.
O manejo de inverno busca garantir que as colônias chegarão fortalecidas ao período de floradas - primavera e verão - e estarão aptas aos manejos de multiplicação e/ou produção de mel e seus derivados. “Entre as ações estão a redução do espaço da colônia, para proporcionar conforto térmico; o fornecimento de alimentação suplementar energética (água com açúcar) em substituição ao néctar fornecido pelas floradas e proteica (pólen) para o fortalecimento da colônia. Também é fornecida a cera, para que as abelhas tenham material para a construção das estruturas do ninho”, explica Léia Dias, coordenadora do projeto Uruçu na Cabruca na Tabôa.
Ainda de acordo com Leia, são realizadas ações de atenção extra à sanidade das colônias, para prevenir ataques de inimigos naturais como formigas, lagartixas, entre outros, que enfraquecem a população das abelhas. Também é observado o excesso de sombreamento na área do meliponário, evitando o aumento da umidade interna do ninho das colônias.
As oficinas alcançaram 94 meliponicultoras/es, que manejam um total de 578 colônias. Os meliponários estão localizados em 13 comunidades de cinco municípios - Camamu, Ibirapitanga, Ilhéus, Itacaré e Uruçuca.
Do total de colônias acompanhadas pelo projeto, 325 estão sendo preparadas para a produção de mel e foram remanejadas do modelo coletivo para o modelo individual, em piquetes. A previsão é de que as primeiras colheitas de mel ocorram em janeiro de 2025.
Sobre Uruçu na Cabruca - Desde 2019, o projeto busca fomentar a prática da meliponicultura no contexto da agricultura familiar no Sul da Bahia, região historicamente conhecida pelo cultivo de cacau no sistema cabruca, sob a sombra de árvores nativas da Mata Atlântica. É assim que a cabruca e a meliponicultura somam forças na proteção da agrobiodiversidade, na preservação da abelha nativa Melipona mondury e no fortalecimento de comunidades rurais.
Até 2023, 120 famílias já foram alcançadas em cinco municípios baianos - Camamu, Ibirapitanga, Ilhéus, Itacaré e Uruçuca. A iniciativa é realizada em parceria pela Tabôa Fortalecimento Comunitário e pelo IF Baiano – Campus Uruçuca. E conta com os apoios do Ministério Público do Estado da Bahia, que também participou de sua concepção, e do Instituto humanize.
Fotos: Acervo Tabôa
Fotos: Acervo Tabôa