Há dois anos, nascia, no sul da Bahia, uma iniciativa de atuação colaborativa para fortalecimento da agricultura camponesa e agroecológica. Idealizada e correalizada pela Tabôa Fortalecimento Comunitário, Rede de Agroecologia Povos da Mata e Instituto Ibi de Agroecologia (Ibiá), a Muká Plataforma Agroecológica articula ações em cinco eixos estratégicos: produção, beneficiamento, comercialização, acesso a crédito e certificação.
Dentre os resultados alcançados nesses dois anos de trabalho em rede, pode-se destacar: 232 agricultoras e agricultores familiares com acompanhamento técnico na área de produção; 780 produtores capacitados no manejo agroecológico; criação e legalização de 20 agroindústrias; 134 produtores individuais ou grupos com acesso a crédito, totalizando R$ 893 mil concedidos.
“A plataforma Muká soma conhecimentos e experiências de três organizações e os coloca a serviço do fortalecimento da agricultura familiar agroecológica. Dessa maneira, conseguimos alavancar ações e catalisar resultados que contribuem para promover importantes impactos socioambientais no campo”, avalia Roberto Vilela, diretor executivo da Tabôa, organização gestora da plataforma e que também aporta sua expertise em microcrédito rural.
Com foco no desenvolvimento da agroecologia, a plataforma atua com uma metodologia de compartilhamento de saberes como forma de estimular a preservação, conservação e restauração da sociobiodiversidade, além de melhorar a qualidade de vida de famílias agricultoras que produzem desta forma.
Para o presidente da Rede Povos da Mata, Hércules Saar, a Muká vem potencializando a organização: “Vejo com bons olhos e percebo que a plataforma confere prosperidade para as famílias agricultoras”.
A Muká Plataforma Agroecológica conta com apoio do Fundo Brasileiro para Biodiversidade (FUNBIO), Instituto Humanize, Instituto Arapyaú, Instituto Ibirapitanga, Porticus e da Inter-American Foundation.
Do Solo ao Prato - Para avaliar o trabalho realizado de forma conjunta nesses dois anos de atuação, foi realizado um diagnóstico de ações e resultados, cujos dados estão compilados no relatório Do Solo ao Prato, disponível em www.muka.org.br. Um, exemplo do impacto na produção das famílias agricultoras acompanhadas pela plataforma é o salto no número de produtores de cacau de qualidade de 17 para 44, resultado do financiamento de estruturas de beneficiamento de cacau por meio do crédito e, ao mesmo tempo, do acompanhamento técnico para uso da estrutura e comercialização.
Outro destaque é o volume de produção, que subiu de 477 arrobas em 2018 para 777 em 2020, apesar da produção geral deste último ano ter diminuído devido a fatores climáticos, como o excesso de chuva, o que causou aumento da incidência de pragas no cacau. E ainda, o aumento do uso de máquinas no campo, que foram adquiridas com recursos de crédito, e seu uso incentivado e orientado pelo acompanhamento técnico. No eixo de Beneficiamento, o relatório mostra o grande avanço na legalização de 20 agroindústrias, certificação de 13 e criação de 52 rótulos e etiquetas.
A ampliação do crédito foi proporcionada pela Tabôa Fortalecimento Comunitário, que coordena o eixo de Crédito na Muká. “Este é um eixo que está interligado com os demais e confere condições para que a agricultura e o agricultor realizem as melhorias na unidade produtiva, a partir das orientações obtidas. Como boa parte deles não preenche os requisitos para conseguir crédito em instituições financeiras convencionais, trazemos essa possibilidade de um crédito menos burocrático e acompanhado. A baixíssima inadimplência (abaixo de 1%) demonstra a boa aplicação do crédito”, explica Roberto Vilela.
O também correalizador, Instituto Ibiá, que atua com estruturação e criação de circuitos de comercialização para escoamento de produtos da agricultura familiar, somou, nesse período, com a estruturação de 43 rotas de comercialização na Bahia, além da estruturação da Estação São Paulo, que atua em âmbito nacional. A diretora, Janaína Fragoso, ressalta que esses dois anos foram importantes para o entendimento do cenário de comercialização desse nicho. “Pudemos observar, durante as nossas ações, as potencialidades e desafios das organizações de base produtiva e a necessidade da criação de canais de venda tanto no âmbito do território da Rede como em âmbito nacional”.
Fica a dica: Para saber mais sobre a Muká, assista ao vídeo dessa experiência quem vem sendo construída pela Tabôa, Rede Povos da Mata e Ibiá: www.youtube.com/mukaplataformaagroecologica
* Matéria elaborada a partir de conteúdos produzidos pela comunicação da Muká.