
“Nessas oficinas, buscamos construir juntos com as comunidades saberes e práticas de manejo agroflorestal, visando trazer mais segurança técnica na implementação dessas áreas, e assim, fortalecer o protagonismo desses agricultores em suas tarefas”, conta Felipe Humberto, gerente de Restauração e Cadeias Produtivas da Tabôa.
A metodologia do projeto desenhado pela Tabôa inclui, além da oferta de crédito e acompanhamento técnico rural (Ater), para apoiar a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) biodiversos, o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) às/aos agricultoras/es pela recuperação de áreas degradadas. A previsão é de que sejam recuperados 30 hectares no sul da Bahia até 2028. A iniciativa conta com apoio da Fundação Arymax, Instituto humanize, Fundo Pranay e Instituto Clima e Sociedade (iCs).


O casal agricultor Laudemir Borges e Jucivanda Souza trabalha junto no lote da família, no Assentamento Dandara. Eles contam que estão animados para iniciar o plantio na área destinada à restauração. “Trabalhar numa área SAF melhora a renda da família ao mesmo tempo que preserva. Temos uma área degradada e com o manejo vamos plantar vida e melhorar tanto o financeiro quanto o lado ambiental”, conta o Laudemir. Para Jucivanda, participar do projeto “é importante porque vai começar do zero, não é algo que pegamos pronto, vamos fazer com as próprias mãos”, conta.
A importância da remineralização e da revitalização do solo e das plantas e a técnica de nucleação, que imita a natureza formando núcleos de vegetação, foram alguns dos assuntos compartilhados na oficina realizada no dia 15 de maio, facilitada por pelo consultor técnico, Hércules Saar. Ele destaca que há alguns anos já acontece o enriquecimento da cabruca na agroecologia, e que essa prática se configura como uma restauração. “No projeto, através de um sistema agroflorestal, o agricultor pode fazer a restauração ambiental mas também a produção de alimentos, que fortalece a produção familiar, a produção regional, a produção local, e com isso, se faz um complemento entre o ambiental e o social”, pontua.
No projeto, os Sistemas Agroflorestais Agroecológicos (SAFAs) e sucessionais são iniciados com o plantio de plantas de ciclo curto que, no prazo de um ano, geram alimento e venda dos excedentes. Em seguida, o plantio da banana, que também é planta de serviço, pois, além de dar retorno financeiro, sombreia e melhora o solo para o cacau e para as nativas da Mata Atlântica. Ao longo dos anos, o cacau e a juçara, que é nativa, serão explorados economicamente. Outros cultivos são adicionados de forma planejada, enquanto um manejo mais sustentável é realizado, restaurando a área.

As ações formativas incluem oficinas sobre esse tema também para agricultoras/es no Assentamento Dois Riachões, e ainda sobre a produção de biocalda, um preparado biológico muito utilizado na agroecologia, que auxilia na revitalização do solo e das plantas.
Fotos: Acervo Tabôa | Tacila Mendes
Fotos: Acervo Tabôa | Tacila Mendes